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Photo of the day #3

Because sometimes the thirst is unbearable.

Heart Beat

"You're in my veins, you fuck." 
(Kate Moss dixit)

Corria-lhe no sangue o fervor da vontade. Era quente, fluído, frenético. Bombeava-lhe as artérias incessantemente, num ritmo de atrozes desejos conduzindo-o vezes e vezes sem conta na direção do coração onde em vez de parar, continuava a viagem num circuito fechado mas de rápidas batidas e palpitações desconcertantes, curvas sinuosas e movimentos de uma destreza inconfundível. Sentia o calor invadir-lhe o entremeio das pernas, espraiar-se-lhe pelo corpo num formigueiro de sensações prenhes de excitação. Era o sangue, nervoso, a tocar todos os seus recantos, a invadir-lhe todos os pontos sinápticos e a dar-lhe o comando para se deixar levar na senda do prazer. Tinha vontade de o sentir, mesmo assim. De o ver desaparecer por completo dentro de si, enquanto o tocava para sentir na ponta dos dedos o entra e sai em toda a sua extensão, para sentir a textura do que lhe preenchia o corpo e lhe saciava a fome e o querer. Tinha vontade de foder. Só foder. De impregnar o corpo de luxúria e provocação, de lhe dar satisfação, de delirar em orgasmos e sucumbir ao prazer de se saciar, de sossegar o desassossego, de acalmar as arritmias provocadas pela loucura do cavalgar a trote do sangue que fervia e queimava de tesão. 

Delírios!

    A época da marmelada abriu! Que venham os marmelos!

PARA QUE SEJA UM POEMA


Ninguém repara mas vejo sempre o teu sorriso
Podia ser eu apenas uma palavra doce
Podia eu ser mais uma pedra da ilha
Podia eu ser alguém ou algo que fosse

Nunca discuti se Deus fez o Mar
Nunca perdi o rumo deste navegar
Nunca parti sem ter o chegar
Mas sei quando acreditar na palavra amar

Sei de muitos punhos cerrados
Os meus espaços são tão transparentes
Às vezes corto o mar, rasgo as pedras
Às vezes transformo em cor a mera quimera

Mas, falemos de suspiros dos pássaros
De uma gaiola vazia de emoções
Falemos de uma dor que se perdeu no amor
Não quero sentir o desespero das contradições

Deixem-me ficar com o mar apreciando a noite
Desafiar uma baleia a cantar para mim
Deixem-me domar um golfinho azul
Deixem-me acreditar neste princípio de um triste fim

Deixem-me…!
Rezar falando com as pessoas que amei
Deixem-se ser grande com alma de petiz
“DEIXEM-ME APENAS SER FELIZ”

Tem a força do vento este alento
Não terei mais notícias de saudades ausentes
Construi sonhos no lugar de casas
Derramei tristeza, enchi a alma de presentes

Hoje decidi que as coisas vão rebelar-se
Escrevi metáforas sem qualquer tema
Abro este livro de vida de alvas folhas
Aceno à vida…Para Que Seja Um Poema…

Photo of the day #2

Because some days, the body simply begs for pleasure.

O que nos move? ... O desejo!

  
A beleza
Sempre foi
Um motivo secundário
No corpo que nós amamos;
A beleza não existe,
E quando existe não dura.
A beleza
Não é mais que o desejo
Fremente
Que nos sacode…
- O resto, é literatura.

António Botto

(Ela) wonders...

Como sobrevive um corpo sem o corpo que o completa? Como sobrevive um corpo que já conheceu o seu encaixe perfeito? Haverá sucedâneos ou substitutos? Resignar-se-á? Contentar-se-á? Como sobrevive um corpo sem o prazer que lhe foi dado a conhecer e lhe ficou inscrito em cada poro da pele? Pode dizer-se que vive? Ou apenas existe?

   

Deep, always deep!

Entras em mim, de uma só vez. Peço-te que o faças com força, que não pares. Obedeces. Agrada-me imenso te sentir a entrar em mim desta forma. Sinto-o totalmente enterrado. Adoro de me sentir preenchida, bem preenchida, e tu bem o sabes. Começas a tocar-me no rabo, introduzes um dedo enquanto me continuas a foder. Sensação magnífica! Afasto as nádegas, com as minhas mãos. Digo-te para não parares, que continues. Fodes-me, cada vez com mais força. Dizes que estás a gostar do que estás ver. Sinto-te mesmo muito duro. Acrescentas mais um dedo, enquanto eu vou tratando de mim à frente. Massajo o clitóris. Alterno o massajar com o deslizar dos dedos, até te alcançar e te tocar neles. Ligas o vibrador, no mínimo, acrescentas um pouco de saliva e fazes com que entre pouco a pouco no meu rabo.  As contrações surgem. Gemo. Grito.  Já não estou lá. Enfias o vibrador todo, lentamente. Impossível controlar os orgasmos. É a loucura total. O vibrador, tu dentro de mim e o ritmo imposto nos dois lados. Estou totalmente ausente. De repente, tiras o vibrador, sais de dentro de mim, para voltares a entrar e tomares o lugar dele, do vibrador. Fodes-me agora assim, com força, sem parar, até te esgotares e não conseguires mais.

Photo of the day #1

Because I enjoy sex as much as anyone. Well, maybe more!

A tua boca quente


Desapertas-me as calças, mergulhas a mão dentro delas e desçes-as um pouco. Vejo espelhado no teu olhar e traduzido nos teus gesto que me queres voltar a provar. Deslizas sobre mim bem devagar, baixando-te num bambolear sensual e sugas-me de uma só vez. Agarro-te e puxo-te o cabelo firmemente ao mesmo tempo que solta um gemido bem alto e longo. Sentes que gosto. Movimento a minha anca acompanhando-te e delicio-me perdido enquanto te fodo a boca cada vez mais solto e completamente entregue ao prazer que me estás a dar. Ambos gostamos. Repito várias vezes a mesma frase "era isto que tu querias puta? gostas de me chupar assim não é? vou-te foder tanto" ao mesmo tempo que mantemos os movimentos e tu vais-me chupando e molhando. Puxas-me para cima de repente e beijo-te longamente.... Adoro foder-te a boca.. Adoro a forma como ela fica húmida da tua saliva e te sinto a sugares-me sôfrega tal puta quente que tu és.. Adoro ter-te como minha puta.. Adoro foder-te essa boca quente.. 

Craving #1

Latejava, pulsante, dorido, deliciosamente dorido. Palpitava, incessante, intumescido, orgulhosamente intumescido. O clitóris gritava desejo, vontade, erguia-se soberano, clamando ser massajado em suaves carícias, em repentinos deslizares da língua descrevendo círculos irregulares, em ténues trincares e breves sugares. Esperava lhe beijasse os lábios, os envolvesse e lambuzasse, os enlaçasse na boca que aguardava sentir o estremecer e o tremor, o libertar do que prendia no peito, o arfar de gozo de cada vez que o júbilo se aproximava e o derradeiro prazer se alcançava. Esperava lhe bebesse o prazer que escorria do seu âmago, saboreando a sua essência, deixando-se inebriar pelo sabor característico e indecente que lhe percorria o corpo e o abandonava sempre que o clímax se aproximava,  sempre que o gáudio de se vir na sua boca se tornava cada vez mais premente e irreprimível, sempre que revisitava a sensação de se entregar ao prazer, indefesa e incapaz de resistir, incapaz de controlar a reacção desenfreada do seu corpo.

(Ela) tem Caprichos Matinais CIII

Acordar e sentir o apelo. Abrir os olhos e sentir o vazio, os buracos despojados de preenchimento. Acordar e sentir o molde feito à imagem da perfeição sem o gesso que se havia de adaptar e cobrir todas as texturas, todas as reentrâncias, todas as curvas, todas as proeminências, todos os sulcos, fendas e rachas. Acordar e sentir o chamamento do corpo, o grito por sentir, por ver a mente elevar-se à vontade impreterível de satisfação, de prazer. Abrir os olhos, ainda pesados da sonolência, e provocá-lo para se obrigar a agir e a sair da inércia, para se obrigar a sucumbir ao ardor, ao fogo que lhe devastava a pele, queimando ao toque numa urgência desmedida, num fulgor tão tóxico quanto delicioso, num desvario tão solitário quanto imenso. Acordar e entregar-se ao prevaricar, ao tocar e explorar das entranhas em busca do prazer, rebuscando por entre mel e desejo, molhando os dedos e fazendo-os desaparecer em movimentos ritmados ao gosto e necessidade daquela manhã, daquele corpo apoquentado pela memória denunciando a alma insaciável que lhe habitava a carne e a instigava a deliciar-se e saciar-se sempre, a procurar os adjetivos que lhe haviam de suprir as lacunas, a buscar a matéria-prima que havia de se unir ao seu molde e criar a peça de arte mais sublime, mais perfeita e mais incompreendida do mundo.   

Alimento-me de ti!!


Devoro-te.. Devoro-te como carne ardente que és.. Devoro-te na exaustão dos movimentos precisos da minha lingua sobre o teu sexo quente.. Devoro-te bebendo da tua cona os sucos brancos e espessos que fluem do contacto intenso dos meus lábios com os teus.. Devoro-te prolongadamente o clitóris em toda a sua complexidade de texturas e sinais do teu prazer que conheço tão bem.. Alimento-te dos teus gemidos ensurdecedores que perfumam o ar.. Alimento-me do teu squirt escaldante que me banha e me dá o teu prazer assim a beber.. Alimento-me do teu corpo.. Alimento-me da tua carne.. Faço de ti o meu único prazer.. Vicio-me assim de ti como minha premente droga..

Da imaginação .... à realidade

 
Olhas-me e percorres-me ... Vês as minhas curvas descritas por baixo da roupa, a forma como me sento, os movimentos que o meu corpo projeta conforme me mexo ao falar. Observas. Sorves tudo. Os olhos dizem que queres mais, muito mais. Abres a porta e deixas-me entrar à tua frente. Observas o bambolear. O fechar da porta causa-me arrepio. Fico confusa entre o desejo, que sinto cada vez mais e o enfrentar algo, que não controlo em absoluto. "És um mistério para mim" penso. Agrada-me mas assusta-me ao mesmo tempo. Viro-me para ti. Sorrio. Tu retribuis. Aproximo-me, sinto a tua respiração cada vez mais perto. Cheiro-te. Toco-te, ao de leve, nos lábios, com os meus. Deslizo a mão. Quero sentir o teu sexo. Encontro-o duro. Agrada-me que o estejas! Sem descolar  os meus lábios dos teus e em tom de provocação, acrescento, "Pareces contente por estares aqui, comigo!". Puxas-me para ti com força e apertas-me. Noto cada vez mais a tua vontade de me sentir. Percorres as tuas mãos pelas minhas mamas e tentas provar os mamilos hirtos e grandes que parecem querer sair pelo decote. Viras-me de costas para ti. Ficas bem colado a mim, sentes, na perfeição, o meu rabo a mover-se e a roçar em ti. Nele. Apertas-me, ainda mais. Afincas a tua boca no meu pescoço, beijas-me, trincas-me suavemente enquanto as tuas mãos percorrem o meu corpo, seguindo as minhas formas. Apalpas-me, apertas-me de uma forma rude e intensa como gesto do domínio que queres ter. Apertas-me tanto contra ti, que fico com pouco espaço para me mover. Começo-me a sentir presa. Algo que se por um lado me agrada por outro começa-me a deixar irrequieta. Cada vez te sinto mais. Começas a querer chegar à pele, a querer tocar na pele, a querer tocar-me no sexo. As tuas mãos deslizam levantando o vestido. Sentes as pernas, as meias, as ligas e finalmente chegas ao sexo. A tua mão insiste em me explorar. Queres senti-la, a ela. Afastas as cuecas e deslizas os dedos nela. Quero te tocar mas não consigo. Apertas-me tanto! Tens mais força do que eu. Metes-me na boca os dedos molhados. Saboreie-os. Chupo-te, os dedos. Sorrio. Apertas-me novamente e segredas-me ao ouvido: "És tão puta! És a minha puta!"

 (continua)

Nick Cave - "Jubilee street" 

Slap.. Slap.. Slappp...


Ergo a minha mão fixando o olhar no alvo a atingir.. Não há que enganar.. Ei-lo ali à minha frente disposto a que o atinja.. Não tem outra hipótese.. Do alto descrevo a trajectória para o atingir.. Calculo a força que tenho de dar ao impulso do movimento.. Calculo-a e aumento-a exponencialmente.. Deixo-a cair premente do seu pouso.. Ao atingir a tua pele sinto à sua temperatura ao mesmo tempo que a vejo ficar rubra.. A marca dos meus dígitos fica agora cravada na tua pele tal ferro em brasa que te fere e ao mesmo tempo te dá prazer.. Ergo de novo a minha mão fixando o olhar na pele das tuas nádegas que me embriaga.. Do alto entrego-me de novo ao gesto preciso que nos aprisiona a este prazer eterno..

Nem mais ...#9

"Welcome to my world, won`t you come on in?"

(via voluptama)

Oh Sweet Idleness

O corpo dela era um brinquedo, um joguete nas suas mãos, um peão a que dava corda e rodopiava sem parar e sem destino e que fazia as suas delícias, dele que lhe manobrava os fios como que se de uma marioneta se tratasse. O corpo dela era uma tábua rasa, uma folha em branco onde ele escrevia e rabiscava, onde caligrafava momentos e descrevia sensações, onde emendava e rasurava a seu bel prazer, onde desenhava emoções e lhe imprimia devoções. O corpo dela era seu para usar, para movimentar e idolatrar, para abusar e saborear, para ter sem reservas, sem pudores, sem interjeições desprimorosas. O corpo dela era seu para explorar, para descobrir, para testar e aprender as suas particularidades, as suas acções e reacções, os seus gostos e fragilidades, as suas manhas e vontades, os seus desejos e saciares. O corpo dela era um livro aberto, uma sebenta repleta de apontamentos de prazer, páginas e páginas de palavras lançadas em alvoroço, com salpicos de tinta permanente, borrões deixados no êxtase das entregas, em histórias vividas entre os dois, em orgasmos sapientes da luxúria e da paixão que pingavam nos lençóis e permaneciam como marcas impossíveis de apagar. 

Provocação ou por vocação?

Por esta posição
Pelo conforto do corpo
Por estes movimentos ... bruscos ... fortes
A mão ... o cabelo ... o puxar
Por este estado em que fico ... durante ... após ...

O SILÊNCIO DAS CASAS


Ouvi alguém partir de mim
Ouvi um pássaro aflito, ouvi um grito
Ouvi no silêncio um rumor de melancolia
Ouvi a saudade uma vez, numa casa vazia

Nem tudo o que faço pode estar certo ou errado
Apenas faço…
Renunciei à esperança, calei a voz da penumbra
Vi nascer um tugúrio e um fogo que devorava o espaço

Um céu menstruado de ausentes pássaros
Esta poesia desaparece pelos espaços de fechada janela sem querer
Numa brisa sussurrante, rasteira
Gostava de ser a consciência do amanhecer

Baloicei meu corpo no infinito
Desprezando cada hora, desafiando o impossível
O espaço provável do amor
É campo de guerra da guerreira dor

A poesia é como beijo infinito
Pensei ser infinita a caminhada de minha Mãe
Hoje olhei um cruzeiro, gravado, Maria
Orei, chorei, nesta faminta solidão, vazia

Montei um choro no guião de uma peça
Neste vale sem casas nem campos, sei dizer amor
Vim de mãos vazias pelo silêncio dos olhos
Entre as cicatrizes de terra estéril, sem flor

Há bocas atafulhadas de sorrisos
Olhos sem nada para dizer
Há canções que não apetece cantar
Há cartas de amor escritas por quem não sabe amar

Uma rosa, no peito suave de uma dama
Um papagaio falador sem cor nem asas
Neste dia de lembrar pessoas que me amaram
Fiquei preso no….Silêncio das Casas…

Dos silêncios ... dos confortáveis

"Mia: Don`t you hate that?
Vincent: What?
Mia: Uncomfortable silences. Why do we feel it`s necessary to yak about bullshit in order to be comfortable?
Vincent: I don`t know.  That's a good question
Mia:  That's when you know you've found somebody special. When you can just shut the fuck up for a minute and comfortably enjoy the silence."
Pulp Fiction (1994)

Gosto do que temos, do que construímos ao longo do tempo. Gosto de ti como és e pelo que és. Gosto do que me fazes sentir. Do querer ser melhor, muito melhor. Da cumplicidade que temos. Do entendimento. De falar com o olhar. De te dizer tudo apenas com um sorriso, tu o entenderes na perfeição e responderes com um outro, de volta. De te ler nas entrelinhas, sem precisares sequer de falar. Das mãos que se procuram e sempre se encontram, que conhecem os caminhos e descobrem outros. Da serenidade que me fazes sentir. Do afecto. Da ânsia em nos tocarmos, que persiste no tempo e volta sempre, de diferentes formas, mas volta. Do sentido que ambos fazemos. Gosto dos beijos, dos toques, dos abraços prolongados, do aconchego, da mistura dos nossos cheiros, dos sabores, da minha pele em contacto com a tua pele, do sexo. Gosto de ti e gosto do que temos, até dos silêncios.

(Ela) could have sait it #31


Black Beauty

Demorou-se em preparos. A antecipação de um momento é quase tão importante como o momento propriamente dito e ela saboreava cada minuto que antecedia o concretizar dos desejos com calma, suavidade e paciência, minimalista, exigente, vaidosa e auspiciosa. Havia imaginado e conjecturado mil e um cenários, mil e uma curtas metragens, havia deixado a mente deambular pelas imagens que idealizava e desejava se tornassem realidade às suas mãos, ao seu redor. Demorou-se em preparos. Deixou a água, quente e escorregadia envolver-lhe a pele, enquanto as borbulhas de sabão lhe perfumavam os poros e a inebriavam de suaves aromas. Secou-se, por agora, desejando ver-se húmida e molhada em apenas algumas horas, acariciou os contornos dos seios e das ancas, os ombros e a nuca com a ponta dos dedos, emulsionando e suavizando, tornando-os macios e suaves ao toque. Olhou de soslaio para a roupa cuidadosamente disposta em cima da cama, sorrindo maliciosamente, esperando ser vestida para cedo ser retirada, peça a peça, pouco a pouco, deixando ver as curvas e os detalhes de um corpo único e singular que havia de se misturar no meio de tantos e tão díspares entre si. Escolheu o preto como cor predominante, sempre achou que o preto transmitia mistério e sensualidade, apropriado para a ocasião, um dress-code que exigia para si num momento em que deslumbrar mantendo a classe era a intenção. A lingerie, essa, escolhida a preceito, simples e com apontamentos de renda, adornou-lhe impecavelmente o corpo, assentando-lhe e acentuando-lhe as mais valias que sabia e se orgulhava de ter. Cuidadosa e suavemente, deslizou as meias ligas, encaixou o cinto, certificou-se da sua segurança e enfiou-se num vestido justo, curto o suficiente para lhe denunciar as pernas mas apenas o suficiente para não ser vulgar. Dobrou-se, sentada na beira do sofá, alcançou os peep toes de tacão alto, de verniz preto que há muito esperavam alicerçar o conjunto e embelezar-lhe a figura. Maquilhada, risco negro pronunciado a rasgar-lhe o olhar, blush carmim, ruborizando-lhe suavemente as faces, um toque de perfume, Chance, Chanel, sempre Chanel, pareceu-lhe apropriado. Na clutch, pequena e com apontamentos dourados, enfiou os básicos essenciais e conferindo ao espelho, dando o remate final, fechou e trancou a porta por trás de si. Estava na hora de se fazer ao caminho, de encetar a viagem para o lugar onde se apresentaria discreta mas indecentemente ávida de se entregar aos prazeres do corpo, à mistura de sabores, aos toques desenfreados de mãos, aos roçares de lábios e entrelaçar de línguas, aos penetrares insaciáveis, à viscosidade dos sucos, aos gemidos incontroláveis. Demorou-se em preparos, deliciando-se a imaginar o momento em que nada mais importaria, nem a roupa, nem os sapatos, nem a compostura nem a pose. Chegaria o momento, em que só o prazer lhe preencheria os olhos e o corpo.
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