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Face to face

Tentou, por mais que uma vez, fazer de conta que não se importava, que não sucumbiria ao vício de o ter, que não baixaria a guarda e o deixaria ganhar a batalha. Permanecia nas trincheiras, espreitando qual estratega, tentando dominar-se e não revelar a fragilidade das suas tropas. Uma guerra perdida ab initio, sabia-o no fundo. O doce sabor da vitória escapava-lhe tão depressa quanto o mel que jorrava e escorria dela com um simples toque, deslizando pela pele que agonizava de abstinência, que doía, intocada, que implorava ser tomada. Entrava sem pedir licença, invadia-a, apossando-se de tudo o que tinha ao seu alcance, fazendo reféns o seu corpo e o seu prazer, desarmando-a e investindo penetrantemente na caverna esponjosa, húmida, suplicante do seu membro, ensandecida de tesão. Desesperada, gemendo, sentindo a excitação em píncaros de deliciosa dor, lacrimejando pingos de prazer, alcançando em dois ou três penetrares o orgasmo mais vívido, mais suave e mais forte em simultâneo, mais sentido e apaixonado, mais retraído e desejado, mais súbito e inesperado. Sabia agora, enquanto fazia o balanço dos mortos e feridos, que ninguém havia logrado escapar. Dera-se novamente inteira, entregara-se denunciadamente, sucumbira ao combate corpo a corpo mas, ainda assim, sabia que havia ganho a guerra do prazer.

Só porque sim!

 "Is sex dirty? Only if it`s done right"
Woody Allen
  
Lamber-te por completo, sem deixar um único pedacinho. Todo e tudo. Hoje, quero assim. Cheirar-te. Saborear-te. Ter o teu sexo na minha boca. Os tintins. Ser obscena, muito obscena. Fazer-te vir na minha boca. Beijar-te e dar-te a provar o teu sabor.

Arde a memória ...


"Tu, daquele corpo, querias partir, querias voltar a outros corpos, ao teu corpo, voltar a ti mesmo e ao mesmo tempo é por teres de fazer isso que choras"

 Marguerite Duras

I appreciate your preference!

Provocas-me constantemente. Fazes-me desejar cada centímetro dele. Dentro de mim! Quero-o todo. Roças e tornas a roçar. Diverte-te me excitares. Deixas-me a arder, cheia de desejo dele. Roças novamente. Fazes uma ligeira pressão, mas não entras nela. "Fode-me!", peço-te. Uma e outra vez. Massajas-me, com ele, o clitóris. Não aguento esperar muito mais, mexo as ancas, subo-as ao encontro dele. Recuas. Dizes para eu ter calma, para saber esperar. Resistes e continuas, a tortura. Sinto-me a latejar! A arder! Cheia de calor. Encharcada. Escorro. Olho para ti. Suplico-te. Ordeno-te "Quero-te agora. Fode-me!"

Rapidinha #4

Suck it until your lips get swollen.

hoje apetece-me #28


Hoje apetece-me dar-te banho.. Apetece-me ver-te entrar devagar dentro de uma banheira cheia de espuma.. Ver as formas do teu corpo escultural desaparecerem dentro de água.. Apetece-me pegar numa esponja suave e levemente passá-la pelo teu corpo seguindo cada curva e cada recanto..  Apetece-me insistir nos locais que te sinto responder quando te toco.. Apetece-me discretamente e suavemente tocar-te num ritmo leve até te levar quase à loucura.. Apetece-me ver as formas onduladas que a água à tua volta cria conforme te vais mexendo reflexo dos teus espasmos de prazer.. Hoje apetece-me cuidar de ti assim.. E a ti?

State of the Mind #76

Havia-lhe prometido todos os prazeres ao seu alcance, todos os corpos que quisesse, todos os paus que aguentasse, todos os lábios que quisesse sugar, todos os lugares onde entrar, todos os orgasmos que pudesse alcançar. Havia-lhe prometido dedicar-se ao seu corpo, idolatrá-lo e prepará-lo, fazê-lo perfeito para tudo e para todos, fazê-lo abarcar todas as formas, todos os feitios, todos os jeitos e todas as vontades. Havia-lhe prometido uma viagem, um trapézio sem rede, um abeirar do precipício onde planava sem resvalar, um lugar onde o seu corpo era amado e desejado, onde se partilhava para se multiplicar, para recolher de cada um todo o líquido, todo o sonegar de palavras por gemidos e transes de prazer. Havia-lhe prometido o preenchimento do corpo, em toda a sua plenitude, em todos os orifícios, com a mestria da soberba e a destreza da experiência, com os ensinamentos do seu tutor e os dividendos da sua gula. Havia-lhe prometido saciar-lhe sempre a fome, colmatar-lhe as lacunas de um corpo insaciável e sempre ávido de mais, realizar-lhe as fantasias e os desejos, entregar-se em prol do seu prazer, subsumir-se a voos mais altos pois sabia que era lá que voavam em pleno gozo dos seus corpos e da sua carne, da sua satisfação e da paixão pela vida que sentiam sempre que se vinham, sempre que atingiam o cume do deleite. Havia-lhe prometido o gesto mais puro e menos conspurcado, a entrega do seu corpo, para usar e abusar, para fruir e usufruir. Dera-o, sem hesitar, sem ponderar, sem recear. Sabia que a sorte era sua, fossem as promessas cumpridas e os desejos realizados, os corpos submissos e as vontades alcançadas. Sabia que a sorte era sua, fossem os buracos preenchidos, os arfares incontidos, os toques inesgotáveis, os lamberes inefáveis, os chupares imparáveis, os orgasmos incontáveis.

my snapshots #80


Sem tirar nem pôr ...

"o desejo de estar quase a matar um amante, de o guardar para si, para si apenas, de se apoderar dele, de o roubar contra todas as leis, contra todos os impérios da moral, não conhece esse desejo, nunca o conheceu?"
 
Marguerite Duras

A DAMA DE OUTONO


É Outono e tem, gosto a maresia este vento
Nesta ilha grandes nuvens fazem acabar o Sol
Partem gaivotas rente às ondas do mar
Alguém canta trovas de amor, alguém aprisiona o chorar

Vamos ver se hoje não me embriago de palavras
Sou um pescador nocturno de nostalgias
Há um grande silêncio na minha rebentação
Há um insondável mistério neste coração

Chegou-me o potente cheiro de dias e do tempo
O cheiro a algas, em cabelo de mulher inventada
O nome de mulher tatuado em barco varado
Uma atracção pelas ruas calcetadas, um breve fado

A sempiterna expressão da estátua do Arcanjo
Neste tempo de começar uma caminhada
Descobri um Sol reflectido nas vidraças
Descobri que querer tudo, às vezes é não ter nada

Descobri uma Lua de espada afiada
Uma alma sorridente desencontrada
Descobri à porta de uma madrugada
Que não passo de uma alma ensombrada

Sinto no triste espaço de uma estação que se foi
E todavia meu coração ainda consegue afastar o frio
Há pessoas sentadas num entroncamento eternamente
É eterna a passagem das águas num rio

Há sempre o centro de um palco circular
Há sempre um tempo para marcar o caminhar
Há uma densa nuvem de gaivotas numa praia
Há um sortilégio que me alimenta o sonhar

E há as fachadas impressionantes da virtude
As moradias que morrem devagar, o sonhar no sono
E um barco a repousar na areia dos tempos
Com o nome…A Dama de Outono…

O querer e o ter ...

O efeito do querer, muito antes de o ter. Tão bom! Do querer muito, de o desejar a toda a hora. A imaginação a trabalhar, a fluir ... livremente. Os pensamentos a chegarem. Os níveis que a imaginação atinge. Impressionante! O sorriso estampado, vindo do nada ... só de imaginar. O desejar. Por agora apetece-me só desejar e imaginar. Desejar-te e imaginar-te comigo. Imaginando-nos juntos. Mas um dia destes, deixo a imaginação de lado, vou ter contigo e faço-te vir! E mais do que uma vez!

Full Throttle #21


"It's a dance, a dance no one had to teach me. But it's always my dance. I make the first move which is no move at all. I always just understand that they will eventually find themselves in front of me. Primitive beautiful animals and their bodies responding to the inevitability of it all. It's my dance and I have performed it with finesse and abandon with countless partners. Only the faces change."

Fiona in American Horror Story


Aceitara a vertigem do seu corpo, os seus ímpetos e compulsões desde muito cedo. Aceitara-se na sua plenitude, com todas as suas perversões e obsessões, com todos os seus vícios e imoralidades. Consumia sexo com a naturalidade de quem acorda de manhã para se deslocar para o trabalho, com a persistência e repetição que o seu corpo exigia, com a certeza de que não se prenderia a um corpo só. Procurava em cada parceiro o que faltava no outro, exigia ao próximo o que o anterior lhe havia dado e ainda mais, exigia que se superassem, que o seu prazer fosse o único pensamento que lhes cruzasse a mente e a libido. Alimentava-se da aura de satisfação que cada um lhes oferecia, como que enchendo um copo de vinho que esvaziaria de um gole só, com a ânsia de se inebriar e de sentir as tonturas próprias do descontrolo, da falta de domínio, do formigueiro que lhe percorria a pele quando vislumbrava o próximo alvo, o próximo objecto de prazer. Usava os corpos que se deitavam na sua cama mas nunca os deixava permanecer. Ficar era monótono e as palavras atravessavam-se no meio do prazer, acabaria por ter de responder a perguntas, por ter de fingir ser quem não era, por demonstrar carinho que não sentia, por receber olhares invasivos do seu íntimo que preferia guardar fechado a cadeado no peito. Não se apaixonava. Amava-os todos e a cada um, amava-os pela voz rouca de um gemido, pela barba que se roçava excitante, pelas mãos com a forma certa e os dedos com o jeito ideal, pela língua serpenteante, pelo membro erecto e viril, pelos braços musculados, pela tatuagem perdida, pelo "puta!" gritado em desespero, pelo ondulante manusear dos quadris, pela destreza em a fazer vir, pelo fôlego que lhe sabiam tirar. E dançava, assim, pousando de corpo em corpo, atraindo-os com o pólen do desejo, com a sedução da luxúria, com o ofertar do prazer em tangos improváveis e irrepetíveis.

(E)m estado líquido #45

Enquanto a penetrava, lambia-lhe o que escorria desenfreadamente, o suco do prazer, a dádiva do sabor e do desejo. Enquanto a preenchia e lhe entrava corpo adentro, massajava-lhe avidamente o clitóris, intumescido, crescido, proeminente, exacerbado pelo estímulo, pelas carícias, pela língua que degustava a mistura de sabores e de sensações. Enquanto lhe atropelava as entranhas, em investidas certeiras e ritmadas, beijava-lhe os lábios, afastados, que a deixavam desprotegida, visível, aberta para ser explorada, posicionada para ser descoberta em todo o seu esplendor. Enquanto lhe assomava o interior, quente e húmido, roçando-se e deslizando sem parar, provava-lhe o sexo, complementando o delírio, aproveitando tudo o que ela tinha para oferecer, guloso e altruísta, dando e recebendo, comungando e partilhando. E no derradeiro final, receberia com agrado o orgasmo de ambos, que seria também o seu.

Points of View #14


The D(E)vil is in the smallest details #32


(Strap-on)

Cheguei a duvidar ....

..... da minha capacidade para me excitar...Toquei-me uma vez ... e ... nada! ... Quando ele estava quase ...  quase a chegar ... fugia! Nada acontecia! Insisti! Uma e outra vez. Sou perseverante! ... Pensei em nós ... em ti .... a foder-me ... com força ... e .... afinal tudo permanece igual! ... Vim-me! Intensamente ... como é habitual.

Hurt me like you mean it

Por vezes o prazer é levar o corpo ao limite, é esticar a pele para abarcar o máximo possível, é alargar horizontes, é quebrar tabus, é sentir-se preenchido no sentido literal da palavra. Por vezes o prazer perfaz-se com esforço, com trabalho conjunto em busca de um objectivo comum. Por vezes o prazer tem outras composições, releva os pudores e privilegia o roçar inesperado de corpos naturalmente estranhos. Por vezes o prazer é diversão, é falhar e recomeçar, é gostar de tentar, de repetir. Por vezes o prazer é testar o corpo e as suas capacidades, é treiná-lo e exercitá-lo para se dar por completo, para orgulhosamente conseguir ultrapassar mais uma etapa tendente ao derradeiro saciar. Por vezes o prazer compõe-se de novas experiências, de arriscar o desconhecido, de saborear o iluminar da mente e o desfrutar do corpo no seu máximo expoente, de jubilar e se deleitar com o completar dos espaços vazios, com o vácuo do contentamento e da sublime explosão num grito de revoltosa satisfação.

Teaser


True Colours #31

Agora sobravam apenas os resquícios do que haviam sido. Os joelhos, doridos, macerados, esfolados, recordavam-na da violência e da urgência, da necessidade de sentir o corpo vivo, de o sentir respirar e palpitar, de o sentir negar-se a morrer, de o sentir preenchido e inundado pelo arrepio do prazer. Acreditou que cada estocada era mais um prego que selava o corpo dele no dela, que cada investida era um centímetro mais próximo da perfeição, que cada entrada era mais um gemido tendente à fusão e ao orgasmo que diluiria o sangue derramado em prol da paixão e da entrega. Colocou-se de forma estratégica na posição certa para o receber. Havia esperado o seu culminar, como alimento para se saciar, como imagem definitiva do prazer que sempre se sabiam dar, como prova do querer, como símbolo inquestionável do início do fim. Recebeu-o deliciada, orgulhosa, deixando-o escorrer por si, sentindo-o quente, espraiar-se-lhe pelo corpo e pela mente, pela carne e pelo espírito.

CIDADE SITIADA


Lembrarás que as manhãs
Acordam a luz fugidia
Lembrarás que este insignificante ser
É apenas contradição, nostalgia

Tenho dores, tantas…
Minha alma silenciosa solta um lamento
Só, eu a desperto, esta navalha de dois gumes
Sou casa a sangrar por dentro

Esta casa arde com as sombras
De costas vergadas interrompo a magia
O meu sonho é sempre maior que a palavra
Regresso à inocência no romper de novo dia

Este é um poema que não quero seja lido
Esta porcaria é respirar sofrido
Minhas mãos beberam hoje este Outono medonho
Alvoraçadas aves, palavras sem sentido

Vou descalço pelo rumo da alma que sou
Sou como ilha escondida no silêncio em torpor
O primeiro nome de mulher é senhora qualquer coisa
E nele cresce às vezes inquietante e surdo rumor

O fogo de abraço único
O ribombar de um trovão pela manhã
A fúria deste vento norte que me gelou o querer
Não quero ver, não quero sentir esta dor, não quero ser!

Estou aqui de passagem, já disse
Esta viagem não correu em águas brandas
Pintei o mundo, amor e desamor
Adormeci e acordei em dores tamanhas

Quero morrer na repetição de uma onda
Quero, quis tanto, tão pouco, nada
Não leiam este chorrilho de loucas palavras
Deste poeta em…Cidade Sitiada…

I`m stalker of myself ...


saiu para a rua.
embrenhou-se na espessura da noite,
amou e traiu,
seduziu e deixou-se seduzir,
morreu um pouco todas as manhãs
e nunca mais regressou ao que tinha sido.

al berto

State of the Mind #75

Rapidinha #3

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hoje apetece-me #27



Apetece-me foder-te.. Hoje apetece-me foder-te.. Apetece-me levar-te para o meio de um campo de milho e entre as massarocas foder-te.. Apetece-me deitar o teu corpo no chão e sentir nos meus dedos a mistura da textura da tua pele com a sujidade castanha da terra húmida sobre a qual os nossos corpos assentam.. Apetece-me o encaixe dos nossos corpos envoltos pela lama que nos cobre conforme nos movimentamos.. Apetece-me ouvir o som dos nossos gemidos a perder-se por entre as infinitas linhas de milho plantadas à nossa volta.. Apetece-me deixar-me ser invadido por ti.. Pelo teu sabor e som magnífico.. Pela tua tesão que jorra livremente de dentro de ti.. Hoje apetece-me ao sabor da natureza foder-te assim.. E a ti?

(Ela) tem caprichos Matinais CII

Antecipando "A Festa"

Tinha o gene da loucura, o cromossoma do prazer sem limites. Embarcara numa viagem que sabia não ter retorno e os dividendos seriam multiplicados por corpos e somados a entregas sem fim. Entrara sem olhar para trás. Costumava ser uma pessoa de convicções e queria continuar incólume. A porta fechou-se nas suas costas, deixando ecoar o som pesado e solene de um cadeado. Não hesitou apesar de os seus olhos terem estremecido ao sentir a reclusão a que voluntariamente se havia entregue. O lugar só por si, alimentava-lhe as mais recônditas fantasias, os mais inconfessáveis pecados. Um arrepio percorreu-lhe o corpo. Um arrepio de receio e desejo em simultâneo. Sorriu um sorriso confiante e deu início à marcha lenta rumo ao desconhecido. As instruções que lhe haviam chegado antes daquela noite eram claras e a predisposição para o prazer, para o sexo desenfreado e para a fruição dos corpos eram requisitos de vontade absolutamente essenciais. Depois de entrar, seguir em frente é imperativo. Suspirou fundo e continuou. A normalidade da vida, tão sobejamente monótona, tão banal, tão indiferente não se coadunava com o que lhe ia na alma. Tantas vezes se sentiu uma estranha no meio de conhecidos, se sentiu só no meio de multidões, se sentiu presa e acorrentada apesar de livre. Apaziguou o seu espírito no dia em que decidiu iniciar a sua busca. Estava destinada a actos maiores, a entregas magníficas.
Quanto mais se aproximava mais o seu coração palpitava. Começou a ouvir os sons que provinham do destino que sabia ser seu. Gemidos intensos, quentes, espaçados, frequentes. As vozes eram diferentes, profundas como que enfeitiçadas. Sentiu a luxúria tomar conta do seu corpo. Os pés descalços que acariciavam o tapete aveludado, as pernas trémulas, os seios rijos, a pele arrepiada, os lábios humedecidos, um palpitar molhado e escorregadio.  Ouviu a sua mente estalar de vontade de tornar o desconhecido em conhecido, de se testar, de visionar, perscrutar com os olhos o cenário que ela já se havia encarregue de construir. Mais perto, os sons tornaram-se mais audíveis e o coração, sôfrego, parecia querer chegar lá antes dela. O imaginário alcançava mais que a visão e o desejo crescia-lhe no sexo sempre que o prazer ecoava corredor fora. Um grito soberbo e imoral, um ofegar tão crepitante, o som de corpos entregando-se ao profano numa promiscuidade corruptamente consentida. Pressentia o aglomerar de uma multidão envolta em fogo e paixão. Deu o último passo. Entrou num mundo de carnais desejos e visões de prazer reservadas apenas aos corajosos e capazes de se desprender das amarras do dia a dia. Cobiçou, desejou, flirtou. Viu-se cobiçada, desejada. Tocou, gemeu, gritou, beijou, perdeu-se no emaranhado que compunha um desenho difícil de igualar por qualquer fantasia, explodiu. Vezes e vezes sem conta. 

Just do (me) #12

Tocaram-se como se fossem pertença um do outro, como se fossem a extensão do corpo do outro mas onde sabiam encontrar prazer para lá do que se poderiam oferecer sozinhos. Tocaram-se para se sentirem, para sentirem crescer paulatinamente o desejo e a vontade, a fome e a certeza de que dali a uns breves momentos, se encontrariam fundidos um no outro, se encontrariam  a dar-se e a ter-se, a fruir-se e usufruir-se. Tocaram-se em simultâneo e à vez, sentiram na ponta dos dedos o escorrer de um e de outro, os sinais indubitáveis de que os seus corpos se necessitavam, se queriam, se desejavam saciar. Tocaram-se como se no outro encontrassem o que lhes fazia falta, como se no outro encontrassem a forma que se havia de lhe adaptar e preencher. Tocaram-se porque eram um do outro, pelo menos ali e agora.

Points of View #13


"I feel it harden. I feel him harden. I feel myself getting wet. I wet my finger, run it up the lips of my pussy and imagine it’s his tongue, wetting the wings of my labia, feeling them flutter and spread, circling my clit and flicking it. Blood rushes to my head, to my clit. I feel dizzy.
I feel the head of his cock bouncing against my thigh as he crawls over me, positioning himself above me, poised to enter. And I turn on my side to accommodate him, bending the top leg at the knee, like a dancer doing the Can-Can, to give him a clear view of the runway as his craft comes into land.
He takes his cock in his hands, guides it towards my pussy, towards the hole, where the wetness gathers. 
He pushes into it, just enough to wet the tip. Pulls out and slides the head up the pussy, making me slick with my own juices.
He pushes into me again, just enough to bury the tip. And holds it there. Not in, not out. Just waiting. Teasing.
And my finger probes around the hole, scooping up my juice and spreading it up towards my clit, wetting it, brushing it, feeling it throb.
He pushes into me.
I push a finger into me. And moan.
His cock stretches my hole. And I feel my pussy close around the head.
Two fingers now.
And he slides his length in slowly. Teasing. He slides in all the way until he’s pressing against my pelvis. 
I can feel him hard, pressing against my wall. And he holds it there.
Teasing.
I’m up to the joint now, and moving towards the knuckle, sinking my fingers as deep as they will go. 
My fingers are slick with juice, thick and sticky, and white as snow.
He shifts his weight, rotates his hips slightly, like he’s piloting a ship, inching the wheel around so the rudder shifts. And I can feel his cock move inside me, brushing ever so slightly against the soft fleshy wall.
And suddenly I can feel that I’m about to come. I can feel a surge building up inside me and I can’t stop it. 
I don’t want to. I want to be overwhelmed. I can feel him inside me and I want to come.
I’m going to come.
And as I come, I call out his name. Because I want him to hear, even though he’s not there."

by Sasha Grey in Juliet Society

New Tab

(Ela)'s Ordinary Life

A sneak and peak of (Ela)'s day to day life!

my bondage snapshots #59


Rapidinha #2

Drink.

Time to recharge!

 
"O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a húmida trama.
E para repousar do amor, vamos à cama."

                                                                                Carlos Drummond de Andrade

SOLIDÃO



Caminho há muito por prantos e desvario
Pergunto por este adormecido Inverno
Dancei, fui caminhante de mil estações
Fui odiado por maldosos corações

Hoje senti-me acompanhado de mim
Só, sou apenas o que chamam de tolo poeta
Nunca se aparta este lume de mim
Porque raio não chega esta trampa de vida ao fim?!

Este é o meu círculo de fogo e loucura
Cresci contente nesta melancolia
Cresci com medo de não poder ser
Sou crescido e descrente do crer

Não colhi frutos desta infância amachucada
Onde param os lamentos das andorinhas do Mar
Onde pára o chamamento que ouvia no chamar
Onde pára a estrela do meu navegar?

Despenharam-se meus sonhos em temerosa agonia
Nunca achei a breve incandescência da verdadeira verdade
Escarpas, medonhas tempestades, fulgor de um Sol antigo
Já nem me lembro do nome do meu último amigo

Deixaram-me no cabelo uma coroa de lata
Coroaram-me “O último dos homens sem preste”
Acenei com um lenço de água que gerou a minha mágoa
Acenei sem mão, sem intenção
Acenei para ninguém, perdi-me no nada

Uma vida tombada jaz sem sombra
Por mim passou um bando de gaivotas famintas
Este tempo ressoa
Um manto ardente esconde o rosto desta pessoa

Enobrece este coração com as criptomérias
Esta água de mágoa reverdeceu, na virgindade de uma oração
Neste território de ressonâncias não voltam as minhas crenças
Neste jardim me quedo preso á…Solidão…

(Ela) dá-vos música!

desejos matinais #61


Pego num longo colar de pérolas que te ofereço e passo-o pelos teus lábios suaves e grossos para que o deixes ficar molhado com a tua saliva.. De olhos vendados com o teu corpo pousado sobre a cama tenho-te assim à mercê do desejo de explorar em ti novas formas de prazer.. Assento sobre a tua pele o fio de pérolas agora húmido e deixo-o deslizar suavemente sobre a tua pele enquanto o encaminho pelas tuas curvas sinuosas e observo a forma como respondes arrepiando-te de prazer.. Deixo de novo as pérolas cair sobre os teus lábios e ordeno-te num tom suave e firme que as chupes e engulas para as deixar de novo húmidas da tua saliva.. Tu obedeces...  Ordeno-te que te vires de costas para mim.. Tu obedeces.. Devagar sobre o botão fechado do teu anus começo a introduzir bem devagar o fio húmido de pérolas brancas que o teu corpo engole sequioso.. Bola a bola.. Pérola a pérola.. Vejo-o desaparecer dentro de ti por entre as tuas nádegas.. Delicio-me com esta imagem intensa e sensual.. E ao chegar quase à ultima pérola eu tal criança puxo suavemente para fora o fio de pérolas para me poder dar ao prazer de me deliciar a voltar a introduzi-lo dentro de ti.. 

In motion

A verdade é que o corpo é um ditador. Impõe-nos as suas regras e os seus princípios, as suas ideologias e vontades. Cerceia-nos a liberdade, agrilhoa-nos os sentidos, determina-nos o futuro sem sequer nos perguntar. É egoísta, autocrático, embriagado pelo poder de nos manipular e consegue-o sem resistência, sem rebeliões, sem contestações. Somos súbditos das suas leis, que lança ao desbarato e entram em vigor consoante os seus caprichos e apetites, sem aviso prévio ou tempo de transição. Somos marionetas e peões dos seus ímpetos, das suas ordenações de libido, somos peças de xadrez no jogo da sua vontade, da sua auto satisfação, da sua masturbação de poder. Somos vassalos da sua luxúria, subjugados pelo prazer que a sua veneração nos confere, amantes da sua figura que enaltecemos em detrimento de qualquer outro líder porque sabemos que afinal de contas, somos meio para alcançar um fim. Mantemo-nos silenciosos, incapazes de o contrariar, de nos expressar contra os seus desígnios. Beijamos-lhe o anel, curvados perante o seu inegável monopólio de nós mesmos. E sucumbimos, à falta que o prazer nos faz, ao vazio deixado no espaço de outro corpo entregue a nós, à falta de um orgasmo, a recompensa pela nossa fidelidade. O corpo exige, não pede. O corpo manda, não questiona. O corpo impõe, não aguarda. O regime apertou-me o cerco, marcou-me traidora da pátria do prazer, exigiu-me que me saciasse, que lhe entregasse a dízima diária para continuar a usufruir das delícias do reino sob pena de abstinência forçada. Seja feita a sua vontade!

Música #11


Por esta altura estarei a ver a Stancey Kent, no Coliseu. O novo disco mistura Jazz com Bossa Nova e traz à memória inúmeras recordações do Brasil.

(Ela) could have said it #30


Raconte-Moi Une Histoire

Roçava o descaramento, a petulância, a vaidade. A forma como a olhava e a cobiçava, incomodavam-na. Não era seu hábito encontrar-se sozinha a uma mesa e raramente sentia os olhares pousados em si, apreciando-lhe os movimentos, investigando-lhe a proveniência, a sua história. Passava despercebida por entre o universo, ao qual pertencia como um grão de areia num imenso areal, uma entre muitas, banal. De longe, sentia-lhe a lupa perscrutar-lhe o corpo e circunscrever-lhe o livre arbítrio, a naturalidade e espontaneidade. Ele impunha-se-lhe sem se impor, falava-lhe sem lhe falar, cortejava-a sem a cortejar, mostrava-lhe o que queria sem sair do lugar. Fitava-a, sem desviar o olhar quando confrontado diretamente pelo seu, não mostrava pressa de se afastar, permanecia paciente e silencioso, apenas observando. Não seria ela a intervir, era o que mais faltava, pensou por mais de uma vez. Mas, a verdade, a verdade que lhe ditava o corpo, era que o nervosismo, o tremor, a dúvida, o mistério, a cobiça e o queimar daquele olhar, a intrigavam, a faziam palpitar de desejo, de curiosidade. Por instantes, imaginou-se a deixar-se tocar, a baixar a guarda e deixá-lo entrar, deixá-lo furar a capa da sua normalidade e atingir-lhe em pleno o coração da luxúria. Suspirou e voltou a concentrar-se, devolvendo o pensamento à realidade e esquecendo a loucura que no seu íntimo implorava enfrentar. Procurou-o com o olhar, agora vaidosa e confiante, segura de que lhe despertava o desejo mas já não o viu. Havia-se evaporado antes de ela lhe poder devolver o olhar e lhe dar assentimento, logo agora que estava determinada em jogar. A caminho da saída, um corredor medeava o espaço entre a porta e a sala onde se encontrava. À direita, uma reentrância piscava a neon, uma alternativa à saída. Caminhava lentamente, sufragando a certeza de que não havia inventado aquele cenário e abandonando as vontades que lhe percorriam o corpo, olhou para o escuro corredor. Viu-o. Encostado à parede, calmo e sereno. Resolveu ir ao seu encontro, deixando a inércia para trás das costas, seguindo o instinto, a vontade que lhe fazia bambolear as pernas e tremer as mãos. Não disseram uma palavra. Lançaram-se um ao outro, sucumbiram à urgência. Descobriram uma porta que se abriu sem dificuldade, os obstáculos deixaram de lhes importar. Pegou-a ao colo, arregaçou-lhe a saia, despiu-lhe a blusa. Beijou-a, introduzindo-lhe a língua, fundo e contorcendo-a em labaredas, percorreu-lhe o corpo com as mãos, apalpando-lhe as curvas, comprovando com o tacto aquilo que o olhar já havia indagado. Passou-lhe a mão no meio das pernas, estava derretida, escorrendo tesão e ansiando por que entrasse nela. Gemia de forma audível, indiferente a quem pudesse ouvir, indiferente a juízos de valor. Desembaraçou-se das calças, deixou-as cair ao chão trôpega e apressadamente. Erecto, firme e ávido, empurrou-lho para dentro de uma estocada só, deslizando imparável até lhe atingir o cume, até a sentir contorcer-se de prazer. Subjugou-a ao seu ritmo, entrando e saindo sem pudor, sem parar, beijando-lhe os seios, trincando os mamilos rijos e proeminentes, roçando-se nela, preenchendo-lhe o corpo, invadindo-lhe as entranhas, fodendo-a num momento animal e carnal, numa urgência de vontade, num sublime acto de prazer puro, bruto e compulsivo. Massajou-lhe o clitóris, saliente e inchado, intumescido de prazer, transmitindo-lhe em cada terminação nervosa, espasmos delirantes, tremores, pequenos indícios do culminar. Estocada após estocada, lia-lhe nos olhos a tesão, a luxúria, a incapacidade de controlo, de chegar ao fim e se saciar. Deixou-a vir-se tanto quanto aguentou, deixou-a explodir tanto quanto conseguiu, até que não mais se controlou e lhe depositou no ventre a prova do seu prazer. Gritaram em uníssono, regozijaram. Apressaram-se a vestir e trocaram apenas um "Muito prazer."    

my snapshots #79


TOQUEI UM INSTANTE


Quando conhecer a tua alma
Pintarei os teus olhos
Quando ouvir o som da tua voz
Pintarei um pássaro, flores aos molhos

Nesta madrugada um piano nos meus sonhos
Acordou este poeta pintor
As cores da água fizeram-me arregaçar o querer
Perguntei a mim mesmo o que é a distância do amor

Como náufrago procurei um raio de luz da madrugada
Uma réstia de dor lembrou-me quem sou
A cintilação da espuma é apenas o riso do sal
Numa distância infinita deixei morar o mal

Casa, uma paleta de confusas cores
Pedra, água, mãe de água
Já foram levados pelas chuvas os ninhos de verão
Já foi lavada, levada no vento parte da minha mágoa

São cinco da manhã
Louco poeta pintor perdido do sono
São tão estranhos os tempos
Que vida, mil vidas, roda alucinante, caminho longo

Uma voz…
Tanta emoção tem este arroxado peito
Serei uma estrela afugentada dum claro céu?
Ou uma simples criatura com orgulho e preconceito?

Estão nublados estes olhos
Está de pé ainda este Templo de negro basalto
São tão urgentes os gestos de minhas mãos
Ardem na manhã uma revoada de melros atirados ao alto

Deposito uma toalha de mesa no chão
Vi cair um justo num grito lancinante
Vi a cor no aroma de rosa breve
Acordei tão cedo no…Tocar de Um Instante…

O sexo e outras drogas

O meu vício de ti
Não vai passar
E não percebo porque não esmorece
Ao que parece o meu corpo
Não se esquece


 Ressaco. Todo o meu corpo pede o teu. Tem que ser o teu, não outro! Começo por sentir a falta do toque e depois do cheiro, do timbre da voz e por fim dos beijos. A ressaca apodera-se de mim. O meu corpo não me obedece. Não consigo pensar em mais nada. Só penso em foder contigo. Preciso, por demais, daquela quantidade enorme de orgasmos que me dás. Equilibra-me. Preciso de me vir até perder a conta. De ficar inebriada com eles. Sentir-me ausente, sentir-me naquele limbo, não estar lá, estando. Vicias-me, mas isso tu já sabes há muito tempo!

State of the Mind (74)


A doença era corrosiva, degenerativa, conspurcadora e enfezada. Padecia daquele mal há mais tempo que o que sabia, preferiu ignorar os sintomas, deixou-os avançar e corrompê-la até serem impossíveis de negar. Saltavam à vista, a olho nu até, qualquer um que se desse ao trabalho de a fitar, de lhe olhar no fundo dos olhos, reparava que o que a habitava era uma sanguessuga difícil de escorraçar.  A doença, como lhe chamavam, não tinha cura. Alimentava-se dela e ela dela, eram ambas insaciáveis, eram indissociáveis uma da outra. Era um vício, um querer desenfreado, um respirar frenético, um inspirar para se saciar, um desejo tão arrebatador que lhe brutalizava a mente, lhe instigava a vontade, lhe arrancava a roupa do corpo, lhe rasgava a pele para se sentir cheia, numa viagem psicadélica, num ascender eclético aos píncaros do prazer. Encontrava o auge tantas vezes quantas as que se deixava profanar. Fechava os olhos e deixava-se levar. Chorava e fodia, chorava enquanto fodia, chorava depois de foder. Deliciava-se com o sabor das lágrimas quando lhe pousavam na face e lhe escorriam rosto abaixo e as lambia, ávida por lhe tomar o gosto e se certificar de que não estava curada, de que o placebo não surtira efeito, de que o corpo ainda lhe pedia mais, de que ainda havia mais sabores para provar, corpos para experimentar, prazeres para sentir, desejos para saciar. 

Heart Beat

Odiava a partida. Odiava-a com todas as suas forças, do canto mais profundo, mais escabroso do seu ser. Odiava o momento em que os corpos até ali entrelaçados, até ali abraçados, fundidos um  no outro, eram obrigados a separar-se, eram obrigados a seguir caminhos diferentes. Odiava ver-se privada do ombro que amava beijar e contornar em carícias ao de leve, com a ponta dos dedos, com a fina pele dos lábios que deixava repousar-lhe nas costas, no pescoço, suave e repenicadamente. Odiava sentir o descolar das suas peles, num arrancar forçado, num despojar da felicidade como que escapando-lhe por entre os dedos, qual areia fina e fugidia, qual cronómetro que lhes ditava o final da corrida. Odiava despedir-se do seu corpo, largá-lo à deriva, quando o que mais gostava era comandá-lo, orientá-lo na sua direcção, tomá-lo como seu e manobrá-lo ao sabor das ondas que criavam com lençóis e almofadas, com girares e posicionares, com aconchegares e excitares. Odiava vê-lo caminhar para longe, tanto quanto amava vê-lo chegar. O batimento acelerado e descompassado, trôpego de vontade, ansioso de paixão, daquele coração que outrora fora um trapo, um farrapo, dava sempre lugar a uma quase morte, a um repouso demasiado silencioso, a um vazio impossível de preencher, um batimento que roçava a flat-line. Odiava a partida. Estendia-lhe sempre o braço, puxando-o para mais um beijo, chamando-o para mais um abraço, inspirando só mais uma vez o seu cheiro, rogando e implorando que o tempo se desdobrasse em mil e lhe concedesse os minutos suficientes para se inebriar dele e do seu cheiro, dele e do seu todo, e conseguir manter-se viva até ao seu regresso. 

my bondage snapshots #58


O feminino e o masculino #4

A maior parte dos estudos científicos afirmam que as mulheres se interessam menos do que os homens em ter sexo com diferentes parceiros. O argumento usado, é sempre o mesmo. Ao longo da história os homens que fizeram sexo com muitas mulheres dispersaram indiscriminadamente o seu sémen, transmitindo assim o gosto masculino pela variedade sexual. Por outro lado, como as mulheres só podiam ter um pequeno número de filhos ao longo da vida, e cada relação sexual podia implicar o risco de engravidarem e virem a ser mães, acabaram por ter uma predisposição para a maior seletividade do que os homens. Concordo que as mulheres são, na sua maioria, mais discriminativas do ponto de vista sexual. São mais seletivas. Contudo existe a tendência das mulheres para procurar alguma variedade sexual. Há até algumas explicações biológicas para o facto. Podemos sempre pensar que se os homens têm mais parceiros sexuais do que as mulheres ou há umas quantas mulheres hipersexuais que andam a fazer sexo com uma quantidade enorme de homens, ou os homens estão a exagerar as suas conquistas e as mulheres a exagerar as suas virtudes. Todos nós gostamos de variar, uns mais do que outros, não existindo na variedade sexual um duplo padrão. Penso que, tanto homens como mulheres, não "nasceram" para serem monogâmicos.

O JARDIM DOS SETE VENTOS


A Ilha acordou cinzenta
Envolta em manto de finas gotas de água
Sonhei com um Mundo onde floresce a verdade
Sonhei que tinha afugentado a mágoa

Ninguém saberá que uma Ilha começa na nostalgia
Onde se cruzam Milhafres de séria estampa
Nesta ilha lavarei os pés em degraus de negro basalto
Nesta vida já subi tanto, tão alto

Existo na ausência do meu nome
Sou um poema sem rima, sem história
Uma ave do mar que busca poiso em terra
Uma bandeira branca no centro de uma triste guerra

Os deuses não cantam na madrugada
As estátuas ficam para além de todas as memórias
Soltam-se sementes de água dos meus olhos apenas quando amo
Tenho no meu caminho mais quedas do que glórias

São brancos estes muros das casas do norte
É tão inocente a idade de plantar sonhos
Sou um pescador de ventos, cheio de fé
Um aprendiz de feiticeiro, um necromante até

Não sei se alguém espera para além das minhas palavras
Tão quietas as minhas memórias ouvem o Mar
Uma melodia de silêncios faz parar o mundo
Soletro o nome dos que se ausentaram de mim
Orvalhada vida, repleto profundo

Imperturbável é esta minha fé
Esta minha crença no querer de certos gestos
Entre fragores de cor purpura
Mergulho em mim, afugento amargura

Senti vontade de correr no rumor do Mar
CaDa gota de sal me faz sentir mil alentos
Hoje abri os trincos da memória
Neste…Jardim dos Sete Ventos…

Life in movement



"Quero vidros, quero arder, ainda que me quebre a mim mesma. Vivo apenas para o êxtase. Nada mais me afecta. Doses pequenas, amores moderados, todas as demi-teintes – tudo isso me deixa indiferente. Gosto de extravagância, ardor… sexualidade que rebente o termómetro! Sou neurótica, depravada, destrutiva, ardente, perigosa – lava, inflamável, irreprimível. Sinto-me como um animal selvagem que escapa do cativeiro." 
                                                                                                        Anaïs Nin

Branded

Mesmo se houvesse mais, ela não queria saber. Todos os caminhos pelos quais enveredasse, a conduziam ao prazer de o sentir, ao deleite de o saborear. Degustava-o muitas vezes mesmo não o tendo ali. Conseguia, apenas usando a sua imaginação, apenas recorrendo à memória e às imagens repartidas pela sua mente, fazê-lo consubstanciar-se-lhe no paladar, fazendo-a escorrer e desejar tomar-lhe o gosto ensandecendo-lhe as papilas gustativas, fustigando-lhe o corpo com a vontade frenética de o ter entregue à sua boca. Gozava em pleno do direito que tinha de sonhar, de imaginar, de o acariciar enquanto se acariciava, de o lamber enquanto se tocava, de o chupar enquanto massajava o cerne da sua luxúria, de deslizar a língua em suaves mimos de prazer enquanto sentia um lago formar-se dentro de si e enlear-se-lhe nos dedos que o substituíam, que o imitavam, que o replicavam. Sabia que era refém do seu sabor, órfã de outros que o quisessem igualar. Sabia que era viciada na sua forma, no seu tamanho perfeito e da sua perícia em a manobrar. Sabia que, mesmo à distância, o poder exercido por aquele corpo, dificilmente a deixaria em repouso, dificilmente a deixaria por saciar, faminta ou saudosa. Haveria de estar sempre a querê-lo e a usá-lo, disso estava certa.
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