Descalço-me frente às tuas vontades
Não tenho céu nem estrela como minha
Sou pedinte que nada pede
Arvore que ao vento cede
Um velho estende a mão ao acaso
A rua adormece vazia
Um metro silho tomba contra a noite do mundo
Um assobiador solta trinados de nostalgia
A quentura dos dias retida na calçada
Um corpo atirado aos sonhos do nada
Um ladrão a cantar o roubo a um coração
Uma pomba tombada por uma pedrada
…E murmura esta alma inquieta
Escrevo para que oiças o que os teus olhos sabem
Este espelho envelheceu na espera do ver
Este sentimento que sente e é semente do ser
Escrevo para que se rompam fráguas e amarras
Se solte o grito silencioso e humilde do amor
Esta criança temerosa já não espera sorte e sentimento
Já não acredita que possa haver um feliz momento
Uma tela…
Um quadro banal torto na parede
Olhos de alegria breve
Este herói sem capa a tremer de medo
Mas medo de quê?!
Quando tens só para ti o escárnio da solidão
Mas medo para quê?
Se já nem voas de tão preso ao chão
Acreditem ao não…
Sei escrever música sem notas saber de pena em riste
Deu-ME hoje para compor uma maluqueira qualquer
Saiu isto, uma…Balada da Cidade Triste…