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State of the Mind (51)

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Do canto da sala, ela observava calmamente o desenrolar dos acontecimentos. Inexpressiva ao início, perscrutava os movimentos com o desprendimento característico de um qualquer espectador numa sala de cinema, numa sala de um teatro. Os protagonistas, esses, alheavam-se do olhar que os fitava. A venda estrategicamente colocada mantinha-a na escuridão ao mesmo tempo que lhe apurava os restantes sentidos. Ouvia as ordens dele que lhe soavam prementes e não ousava desconsiderá-las. "Ajoelha-te." Obedeceu sem hesitar. "Agora toca-te, quero ver-te." E ela começou devagar, colocou a mão no meio das pernas e massajou suavemente como que a dar o mote ao que se seguia. Surpreendentemente, a voz rouca e imperativa que lhe ecoava na mente, ao invés de a revoltar, adocicava-lhe o gosto na boca e dava-lhe ânimo para continuar. Desta vez usou os dedos para se preencher. Foi impedida por uma voz autoritária e feminina. "Não, ainda não!" Recuou de imediato e sentiu um calafrio demasiado aprazível. Do fundo da sala, pareceu-lhe que quem ditava os comandos era agora ela. Procurou então o clitóris, inchado e sensível. Dedilhou-o como às cordas de uma guitarra, encetando esforços em se dar prazer. Ele, agradado com o cenário, encontrava-se cada vez mais excitado e a prova disso estava no tamanho que alcançara em breves instantes. "Dá-lho." disse ela. Sem cuidados, sem preparação, deu-lho a provar. Bruto, soberano, dominante, penetrou-a num  gesto animal e prepotente enquanto lhe segurava o cabelo, puxando e forçando um entra e sai. Entre um delicioso engasgar e um misto de saliva e sabor, o domínio exercido era-lhe cada vez mais natural, era-lhe cada vez mais permissivo. Na cadeira pensativa, ouvia-se agora um ténue gemer. A excitação era já generalizada e sentia-se no bafo quente que preenchia a divisão e lhes toldava o pensamento. Cheirava a corpos, cheirava a sexo, cheirava a desejo. "Fode-a" ordenou. E ele, desesperado, não esperou pela segunda directiva. Aproximou-se do seu rabo e num movimento só, entrou nela. Deliciou-se ao sentir a facilidade com que escorregou para dentro dela, num movimento brusco mas inesperadamente dócil. E bombeou com a maior das urgências, brincou com os seus seios, puxou-lhe o pescoço, curvando-a para si e encaixando nela sem nunca deixar de a penetrar. A sua benfeitora mantinha-se voluntariamente de fora deste jogo mas sentia-se cada vez mais tentada a participar. Os seus olhos não desistiam de perseguir cada movimento assertivo e promíscuo que se desenrolava à sua frente e, não conseguindo resistir mais, abriu as pernas, descendo na cadeira e tratou de si ao ritmo com que via o sexo deles, ao ritmo de cada investida, de cada gemido da sua submissa, de cada grito de prazer que lhes fugia da garganta. E sucumbiram, numa verdadeira cornucópia dos sentidos, ao orgasmo conjunto que desde o início quiseram e adiaram em prol de um prazer diferente e altruísta.
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